Os vereadores do PSD da Câmara Municipal de Torres Vedras disseram hoje que, caso a decisão da localização da subestação em Runa seja irreversível, “tem de haver um pacote de compensações à comunidade”.
Em conferência de imprensa sobre a reunião do Executivo Municipal de Torres Vedras, Marco Claudino revelou que sugeriram uma sessão de “esclarecimento e de participação real” com a população de Runa relativamente a esta matéria, porque “é fundamental que em todas as políticas públicas, mas sobretudo aquelas que possam impactar com a vida e com as comunidades, que elas sejam o mais envolvidas possível para que as decisões” sejam tomadas da melhor forma possível.
O vereador do PSD explicou que o que lhes foi dito é que esta é uma decisão “irreversível” porque o impacto da sua reversão “significaria um cancelamento deste projeto, uma nova adjudicação e uma perda muito avultada de fundos comunitários”.
Além disso, foi dito também aos vereadores do PSD que está a ser projetada uma sessão de esclarecimento com IP, eleitos locais e com os elementos da plataforma Runa Acontece na próxima semana.
Para Marco Claudino, “é fundamental que haja uma assunção de se esta decisão impacta ou não impacta negativamente os runenses”.
“Nós temos de perceber se, primeiro, a Câmara Municipal fez tudo o que tinha a fazer para que a decisão não tivesse sido irreversível. E isso é um escrutínio à posteriori que é fundamental, mas é nesta fase também fundamental perceber qual é o impacto naquela comunidade se essa decisão for considerada irreversível. E se for considerada irreversível, e se se concluir que há o impacto negativo na comunidade, então, tem de ser, naturalmente, a comunidade por várias formas, compensada por aquele esforço e sacrifício que faz numa linha de 140 kms”, sublinhou o vereador.
“Se esta decisão for assumidamente irreversível, tem de haver um pacote de compensações à comunidade de Runa”, reforçou Marco Claudino.
Recorde-se que a contestação à localização da Subestação de Tração de Runa começou no final do ano passado através da plataforma de cidadãos para a Valorização e Desenvolvimento da Freguesia de Runa, “Runa Acontece” e foi, de resto, tema de uma reportagem da RTVON. Para os cidadãos, “a localização desta Subestação, muito perto de habitações e a escassos metros da localidade de Runa, é um perigo para a saúde pública, e até um caminho romano vai destruir”. Por isso, Runa “não pode aceitar, que lhe seja construída mesmo à porta uma central de muito alta tensão (MAT), com todos os perigos advindos das radiações”, explicou esta plataforma.
A Câmara Municipal de Torres Vedras disse ter concordado com a localização da subestação de Runa e assegurou que, pelos dados que dispõem “não há ricos para a saúde causados pela colocação do equipamento no local”.
O Bloco de Esquerda (BE) questionou mesmo, este mês, o Governo sobre a localização da futura subestação eléctrica de Runa da Linha Ferroviária do Oeste, alertando para impactos negativos decorrentes da proximidade a habitações.
A contestação dos runenses subiu recentemente de tom com a marcação de oliveiras e pinheiros bravos por parte da Infraestruturas de Portugal, que a população acredita ser para abate.
Jorge Humberto Nogueira, membro da Comissão Coordenadora Concelhia de Torres Vedras, que já tinha feito um artigo no seu site a falar das razões dos protestos da população de Runa, os fundamentos de uma decisão “estranha” e um povo “deixado à sua sorte”, escreveu ontem sobre o “mistério das árvores azuis” onde, depois de apresentar argumentos, conclui que o mistério “está resolvido”, as árvores “estão marcadas para morrer, resta saber como acaba a sua história”.
Esta situação levou mesmo membros da Associação para a Defesa e Divulgação do Património Cultural de Torres Vedras ao local. Na sua página de Facebook, Joaquim Moedas Duarte diz que “havia alternativas quanto à localização, mas a opção teve em conta apenas critérios económicos”.