O PCP avançou com um novo requerimento, tendo como objectivo o “melhor esclarecimento” face a uma “série de questões” que “não ficaram claras” na resposta dada pelo Governo em relação quer à localização da subestação quer ao apeadeiro de Runa.
Os impactos da subestação elétrica da Linha Ferroviária do Oeste, em construção em Runa, Torres Vedras, vão ser mínimos para a população, garantiu o Ministério das Infraestruturas, ao PCP, que entregou, em dezembro, uma pergunta ao Governo acerca da localização da subestação e apeadeiro em Runa.
Na resposta, a que a Lusa teve acesso, a uma pergunta efetuada pelo PCP, o Ministério das Infraestruturas informou que “a alteração da localização da subestação de Runa, nesta fase, teria como consequência um atraso irreversível na conclusão da eletrificação entre Meleças e Caldas da Rainha, comprometendo o financiamento comunitário já aprovado”.
O ministério de Pedro Nuno Santos esclareceu que a subestação elétrica, em construção junto à localidade do Penedo, fica a 35 metros da habitação mais próxima e que, em relação ao património arqueológico existente, a tutela “não foi identificado qualquer caminho romano ou ponte da mesma época”, apesar de ter sido efetuado o levantamento do património nos estudos prévios.
Em comunicado, o PCP explica que, “tendo em conta as respostas do Governo a 29 de Janeiro”, avançou agora com um novo requerimento, tendo como objectivo o “melhor esclarecimento face a uma série de questões que não ficaram claras”, nomeadamente os “argumentos utilizados para rejeitar a relocalização do apeadeiro de Runa junto à povoação, o desnivelamento da Passagem de Nível ao km 58+982, a provável existência de caminho romano no acesso à SST e a exposição aos campos eletromagnéticos de alta tensão no acesso à SST”.
A Organização Concelhia de Torres Vedras do PCP vai mesmo promover uma visita no próximo sábado, dia 20 de Março, pelas 15h00, a propósito desta matéria, com a participação de Duarte Alves, deputado do PCP na Assembleia da República, e Francisco Asseiceiro, engenheiro especialista em infraestruturas ferroviárias, membro efectivo do conselho plenário do Conselho Superior de Obras Públicas (CSOP), e membro da Comissão de Assuntos Económicos junto do Comité Central do PCP.
Recorde-se que a contestação à localização da Subestação de Tração de Runa começou no final do ano passado através da plataforma de cidadãos para a Valorização e Desenvolvimento da Freguesia de Runa, “Runa Acontece” e foi, de resto, tema de uma reportagem da RTVON.
Para os cidadãos, “a localização desta Subestação, muito perto de habitações e a escassos metros da localidade de Runa, é um perigo para a saúde pública, e até um caminho romano vai destruir”. Por isso, Runa “não pode aceitar, que lhe seja construída mesmo à porta uma central de muito alta tensão (MAT), com todos os perigos advindos das radiações”, explicou esta plataforma.
A Câmara Municipal de Torres Vedras disse ter concordado com a localização da subestação de Runa e assegurou que, pelos dados que dispõem “não há ricos para a saúde causados pela colocação do equipamento no local”.
O Bloco de Esquerda (BE) também questionou, este mês, o Governo sobre a localização da futura subestação eléctrica de Runa da Linha Ferroviária do Oeste, alertando para impactos negativos decorrentes da proximidade a habitações.
A contestação dos runenses subiu recentemente de tom com a marcação de oliveiras e pinheiros bravos por parte da Infraestruturas de Portugal, que a população acredita ser para abate.
Jorge Humberto Nogueira, membro da Comissão Coordenadora Concelhia de Torres Vedras, que já tinha feito um artigo no seu site a falar das razões dos protestos da população de Runa, os fundamentos de uma decisão “estranha” e um povo “deixado à sua sorte”, escreveu ontem sobre o “mistério das árvores azuis” onde, depois de apresentar argumentos, conclui que o mistério “está resolvido”, as árvores “estão marcadas para morrer, resta saber como acaba a sua história”.
Esta situação levou mesmo membros da Associação para a Defesa e Divulgação do Património Cultural de Torres Vedras ao local. Na sua página de Facebook, Joaquim Moedas Duarte diz que “havia alternativas quanto à localização, mas a opção teve em conta apenas critérios económicos”.
Já os vereadores do PSD da Câmara Municipal de Torres Vedras disseram ontem que, caso a decisão da localização da subestação em Runa seja irreversível, “tem de haver um pacote de compensações à comunidade”.