No passado domingo lá se organizou mais uma manifestação daquela agremiação de trauliteiros pela verdade. Já são tantas as organizações pela verdade, que se torna difícil sequer saber o que cada uma exatamente propõe. Mas numa coisa todas coincidem. O Negacionismo.
Mas, verdade verdadinha, têm feito uma evolução no percurso intelectual. No inico a covid19 nem sequer existia. Era uma invenção, uma conspiração das forças do mal contra as pessoas de bem. Depois, já era apenas uma gripe, não sei bem se das fortes, mas uma gripe. Depois passou, vá lá, a não ser bem uma gripe, mas outra coisa qualquer que matava bem menos que a gripe.
Até que, na segunda vaga, com o evidente acréscimo de óbitos, e com o SNS em estado de pré-colapso, já era um vírus que matava, mas ainda assim, se calhar menos que as outras infeções respiratórias. E vai daí, iam-se torturando números para que eles confessassem as teorias da negação, martelando estatísticas e gráficos à exaustão.
Mas nem assim, até porque por muito duras que sejam aquelas cabeças, a realidade acaba por ser sempre mais dura.
Portanto, após várias publicações que invadiram as redes sociais que faziam corar de vergonha alheia qualquer um de nós que saiba os rudimentos da estatística, mudaram o eixo da paranoia. Agora é a problemática das vacinas.
Não querem ser cobaias, não querem ser vacinados porque isso “é para meninos”, e não coisa de gente esperta e cientificamente abalizada pela verdade. E lá volta a história dos chips, do Gates, da Merkel, das farmacêuticas, e por aí fora. Por mim só lhes posso dizer, que depois de vacinado até tenho mais rede no telemóvel, e até recebo imagens de Marte, imagine-se.
Mas voltando um pouco mais a sério retive esta maravilhosa e inteligente frase proferida por uma das manifestantes já na casa dos sessenta e com idade para ter juízo: “Se tiver de morrer do vírus, já vivi aquele momento de libertação” Fiquei confuso com o pensamento da Adelaide Ferreira. A sério. Não é que morrer do vírus é agora um ato de liberdade?
Enfim, não se esqueçam, quando voltarem a ir à praia de não se afastarem muito de pé pois podem cair no fundo do universo. Afinal, a Terra talvez seja mesmo plana.