Orlando Carvalho, o nome anunciado por Rui Rio para liderar a lista do PSD à Câmara da Lourinhã, foi a sexta escolha entre os social-democratas, mas nem por isso pacifica. Nas últimas semanas, a vida do partido no concelho tem sido um verdadeiro turbilhão que a Assembleia Concelhia, agendada para amanhã, poderá não pacificar, após a respetiva Comissão Política se ter demitido em bloco por divergências com a distrital do Oeste.
“A distrital desrespeitou e desprezou por completo a opinião e a indicação da concelhia, querendo impor uma decisão”, justificou Mafalda Lourenço, a presidente demissionária.
Antes de todos “baterem com a porta”, a concelhia já tinha sofrido duas baixas em consequência do processo interno de escolha do candidato à câmara para as próximas eleições autárquicas: Ricardo Pereira saiu a 1 de abril e cinco dias depois Pedro Quintans seguiu-lhe as passadas.
O primeiro nome a ser convidado para encabeçar a lista foi Nuno Sampaio, um nome que reunia unanimidade na Comissão Política do PSD da Lourinhã, mas após período de analise acabaria por declinar o convite.
Com os prazos nacionais a apertar, a concelhia escolhe António Gomes, um outro nome que se apresentava consensual, mas que também acabaria por não aceitar liderar o processo autárquico.
Somando recusas, convidam Hernâni Santos, mas este fez depender a sua decisão da realização de uma sondagem interna, cujo resultado terá chegado na noite de 27 de março. Menos de 24 horas depois, tinha formado equipa. Mas, como o próprio confirma, acabaria por recuar ao aperceber-se que não reunia o apoio da concelhia social-democrata, situação que é admitida pela agora demissionária Mafalda Lourenço.
Dois dias depois, a 29 de março, a Comissão Política é convocada de urgência e a presidente tenta sair do impasse criado, avançando com o nome de Pedro Antunes como candidato do CDS, numa lista conjunta, proposta que viria a ser aprovada, com uma abstenção e dois votos contra.
Segundo Mafalda Lourenço, apesar de haver garantias de o PSD vir a liderar a coligação, o nome de Pedro Antunes, um independente que há quatro anos concorreu pelo CDS-PP à câmara de Lourinhã, foi rejeitado pela distrital do PSD/Oeste.
A distrital optou por escolher o nome do vice-presidente da distrital, atual vereador e candidato à câmara em 2013 Hernâni Santos, por ser o mais votado na sondagem interna, auscultação onde não constou o nome de Pedro Antunes, nem de outros potenciais candidatos fora do partido, à exceção de independentes eleitos pelo PSD.
“Como não havia acordo de coligação fechado com o CDS-PP, deliberámos não incluir o nome do Pedro Antunes, porque conhecíamos os resultados que conseguiu há quatro anos e também quisemos esgotar os nomes que fossem uma alternativa interna”, esclareceu Mafalda Lourenço.
Na última terça-feira, em plena reunião da distrital, a concelhia propôs Mafalda Lourenço para cabeça-de-lista, o que também não foi aceite pela distrital, optando por convidar Orlando Carvalho.
Distrital acusa concelhia de se furtar ao diálogo
O vice-presidente do PSD/Oeste João Paulo Reis disse que a comissão concelhia da Lourinhã recusou dialogar com a distrital na última semana.
Em defesa da posição da distrital, João Paulo Reis esclareceu que, desde o primeiro momento, a comissão política concelhia apontou para o lugar o nome do atual vereador, vice-presidente da distrital e cabeça de lista à câmara nas eleições de 2013, Hernâni Santos, motivo pelo qual o partido realizou uma sondagem a pedido da concelhia e do potencial candidato.
O social-democrata admitiu que, na mesa de trabalho, surgiram vários nomes para candidatos, entre eles o do independente Pedro Antunes.
Contudo, “o único nome votado [na distrital] foi o de Hernâni Santos”, que na última semana veio a desistir por não ter o apoio da concelhia.
Segundo João Paulo Reis, na última semana, como “não houve diálogo com a concelhia”, a sua presidente por duas vezes “abandonou as reuniões da distrital” e havia “prazos apertados” impostos pela comissão nacional, foi encontrada uma outra solução”, a do empresário e militante Orlando Carvalho.
Mafalda Lourenço contesta estas declarações e respondeu afirmando que “não recebeu qualquer contacto” do presidente do PSD/Oeste, Duarte Pacheco, nem de outro dirigente mandatado pela distrital.
Candidato quer retirar poder ao PS
O empresário Orlando Carvalho, de 55 anos, afirma concorrer com um projeto e uma equipa diferenciadores para retirar o poder ao PS.
“Vou agarrar com unhas e dentes este desafio, que é difícil, para enfrentar um poder que está instalado há 47 anos na Lourinhã”, afirmou Orlando Carvalho, que avança com “vontade de vencer e de fazer diferente e melhor, indo ao encontro dos anseios da população”.
O cabeça-de-lista anunciou que o ‘número dois’ da sua lista vai ser o independente Pedro Antunes.
“Sempre gostei de liderar e fui manifestando disponibilidade para vir a ser candidato à câmara”, disse Orlando Carvalho
Se for eleito, Orlando Carvalho tem como prioridades desenvolver o concelho, tirando partido sobretudo do potencial do litoral deste território do distrito de Lisboa.
Orlando Carvalho é militante do PSD e foi vice-presidente da comissão política concelhia em 1993, quando o PSD ficou a 13 votos de ganhar a câmara ao PS.