Os contratos celebrados entre um empresário de construção civil e o Município de Torres Vedras, através das três empresas que detém, estão no centro da investigação que a Polícia Judiciária está a desenvolver, disse fonte ligada ao processo.
O empresário visado celebrou, através de uma empresa unipessoal e de duas outras que detém em sociedade com a sua mulher, vinte e sete contratos com a Câmara de Torres Vedras nos últimos oito anos, num montante global que ultrapassa os 2,7 milhões de euros.
A última das empreitadas foi contratada já no início deste mês, por mais de 270 mil euros, não tendo os trabalhos ainda iníciado.
Antes das empresas com que agora atua no mercado da construção civil, o mesmo empresário detinha uma outra empresa, também em sociedade com a sua mulher, que foi dissolvida em 2012. Enquanto laborou a empresa celebrou pelo menos três contratos públicos na esfera do Município de Torres Vedras: dois diretamente com a Câmara Municipal e um outro com a Promotorres.
PJ atuou ao nascer do sol
Às primeiras horas do dia, uma brigada da Polícia Judiciária irrompeu pela casa do empresário, em Varatojo, próximo da cidade. Munidos de mandado de busca, no interior da habitação tudo foi passado a pente fino, tendo sido apreendidos computadores, telemóveis e outros elementos de prova considerados relevantes pelos investigadores.
Outro dos alvos das buscas determinadas pelo Ministério Público foi o escritório de contabilidade que centraliza a documentação fiscal das empresas visadas. Durante a manhã, os policiais verificaram aí diversa documentação sobre a atividade desenvolvida pelo construtor civil.
Ao mesmo tempo, tinham início as buscas no edifício da Câmara Municipal, onde os investigadores permaneceram durante todo o dia e se mantinham cercas das 19h50, recolhendo elementos de prova que serão determinantes para esclarecer as ligações entre o empresário e a autarquia torriense.
Cerca do meio-dia, fonte oficial do Município de Torres Vedras confirmou a realização das buscas pela PJ, referindo que, para além destes contratos, em investigação estão também um particular e uma associação.
Nesta associação do concelho de Torres Vedras, segundo a nossa fonte, estará em causa o alegado desvio de uma elevada quantia de dinheiro, proveniente de protocolos celebrados com autarquia, que apesar de ter saído dos cofres do Município poderá nunca ter chegado aos destinatários.
Segundo a nossa fonte as investigações já decorriam há algum tempo, escusando-se a confirmar, ou desmentir, que as buscas hoje realizadas chegaram a estar previstas para outra data e foram adiadas.
Até ao momento a Polícia Judiciária ainda não emitiu qualquer comunicado oficial sobre esta operação, o que segundo a nossa fonte só deverá acontecer na manhã de quarta-feira, caso os investigadores consideram concluídos, pelo menos por agora, os trabalhos em Torres Vedras.