O município de Torres Vedras solicitou uma auditoria a uma obra pública de requalificação urbana e a outra particular da vereadora Cláudia Horta Ferreira, que são contíguas, por suspeita de alegada utilização comum de meios, foi anunciado terça-feira.
Na reunião pública do executivo, a presidente da câmara, Laura Rodrigues, informou que a autarquia solicitou ao Instituto de Mercados Públicos, Imobiliário e Construção uma auditoria para investigar “situações menos claras” de obras de requalificação urbana na envolvente dos bairros Floresta, Reis e Barreto e de uma obra particular” pertencente à vereadora Cláudia Horta Ferreira.
Em causa, está a suspeita de “alegada utilização comum dos meios materiais e humanos sem distinção dos limites físicos” de ambas as construções, que são contíguas, e a “hipotética violação dos meios contratualmente afetos a cada obra”.
A vereadora, que tinha pedido uma investigação, reafirmou que “não tem nada a esconder” e que está de “consciência tranquila”.
Em março desde ano, o então presidente da câmara Carlos Bernardes, que morreu em maio, retirou os pelouros à vereadora por “perda da confiança política” por alegado favorecimento numa obra que está a realizar na sua própria casa.
Na altura, Cláudia Horta Ferreira garantiu que o processo de obra foi “transparente”, votado na câmara na sua ausência, e que “não foi em nada beneficiada” pelo cargo que exerce, nem “fez nada de ilegal”.
A vereadora, que foi excluída da lista candidata à câmara nas próximas eleições autárquicas, anunciou que iria avançar com um processo por crime de difamação.
O vereador Hugo Lucas, responsável pela Gestão de Áreas Urbanas, Infraestruturas e Obras Municipais,Transportes e Trânsito e Mobilidade, também foi implicado por alegado envolvimento nas obras da vereadora, mas manteve os pelouros e funções a tempo inteiro.
Por o subempreiteiro das obras de Cláudia Horta Ferreira ser o mesmo que o das obras de uma requalificação a cargo da autarquia, Hugo Lucas esclareceu que fiscalizar obras particulares não é da sua competência, que o investimento “está realizado em obra” e que “cumpriu com o que era a sua função” na defesa do interesse público e na utilização dos dinheiros públicos.