Exposições, teatro, demonstrações de vidro soprado, conferências e concertos estão entre as iniciativas que assinalam o Ano Internacional do Vidro em 2022 na Marinha Grande, a designada “Capital do Vidro”, disse o presidente da Câmara.
“O conceito é este, é ser capaz de transmitir aquilo que é a Marinha Grande em termos do vidro. A Marinha Grande tem um passado e tem um futuro na indústria de vidros que não é igual. O passado é, essencialmente, um passado do vidro artesanal e nós vamos ter, essencialmente, no futuro, um vidro tecnológico, um vidro da garrafaria”, afirmou Aurélio Ferreira.
Em maio de 2021, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou uma resolução, proclamando 2022 como Ano Internacional do Vidro.
“Vamos ver se neste ano conseguimos fazer essa transição, mostrar o que é que era o passado e apontar para situações do futuro”, adiantou Aurélio Ferreira.
Na Marinha Grande, o Museu do Vidro vai ser palco da maioria das atividades, que incluem também dança, visitas de alunos, ateliês, lançamento de livro e um ‘talk-show’ mensal denominado “Na terra do vidro”.
O presidente da Câmara realçou ainda a realização, em novembro, de uma conferência internacional.
O autarca disse ainda que gostaria que o Ano Internacional do Vidro “reforçasse a imagem de que a Marinha Grande é ‘Capital do Vidro’”, não apenas no território municipal, “mas também a nível nacional”.
“Hoje, não somos a ‘Capital do Vidro’ pelo que as pessoas têm no seu imaginário, que eram aquelas grandes fábricas que tinham vidro soprado”, declarou, garantindo, contudo, que esta é uma História que a Câmara não quer deixar morrer.
Aurélio Ferreira realçou a importância para o concelho do vidro de embalagem (as tradicionais garrafeiras), onde “moram” três das seis fábricas existentes em Portugal, referiu.
“Por isso, ainda hoje somos a ‘Capital do Vidro’”, salientou.
Dados do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Vidreira (STIV) indicam que no concelho da Marinha Grande existem três empresas de vidro de embalagem, uma de cristalaria automática, duas de vidro científico e outra de produção de vidro manual, além de um estúdio de vidro artístico.
Contas do STIV revelam que, globalmente, aquelas unidades empregam cerca de 1.550 trabalhadores e apresentam um volume de negócios total na ordem dos 360 milhões de euros anuais.
“De referir que, além das fábricas, existem várias empresas de acabamento e decoração de vidro que envolvem mais de uma centena de trabalhadores com um volume de negócios de três milhões de euros/ano”, esclareceu o STIV.
Segundo o sindicato, “as empresas de vidro de embalagem estão estáveis, em constante crescimento, ano após ano”.
“Valorizamos o emprego criado, mas criticamos o critério adotado pelas empresas na última década de contratar empresas de trabalho temporário para postos de trabalho efetivos”, notou o STIV, frisando que a cristalaria automática e o vidro científico são, também, uma mais-valia.
O STIV explicou que “as quatro empresas de vidro manual que existem no distrito – uma na Marinha Grande e três no concelho de Alcobaça – têm futuro se valorizarem as profissões e os salários”, alertando que “se não o fizerem, dentro de poucos anos terão encomendas, mas dificilmente terão trabalhadores”.
Para o STIV, o encerramento de unidades de vidro manual deveu-se à “má gestão das administrações, o não terem modernizado os métodos de trabalho e a concorrência desleal entre empresas”.