Ainda é viva. Celeste Caeiro tem, hoje, 88 anos. A “Revolução dos Cravos” deve-se, também, à iniciativa desta senhora que, à época, fazia limpezas num restaurante aberto exatamente um ano antes (a 25 de Abril de 1973), o “Sir”, sito no Edifício Franjinhas, na Rua Braancamp, em Lisboa.
Trabalhadora sofrida e humilde, D. Celeste, então com 40 anos e vivendo num quarto arrendado no Chiado, acatou as ordens da gerência de oferecer, nesse dia de aniversário do estabelecimento, flores às senhoras clientes e um cálice de Vinho do Porto aos senhores clientes.
Como decorria o golpe de Estado, o restaurante não chegou a abrir. A gerência do “Sir” disse aos funcionários para voltarem a casa e ofereceu-lhes cravos vermelhos e brancos para levarem consigo, pois já não poderiam ser distribuídos pela clientela.
Ao voltar a casa, D. Celeste apanhou o metro para o Rossio e dirigiu-se ao Chiado. Deparou-se com os chaimites e perguntou o que se passava. Informada que estava a ocorrer uma revolução, Celeste Caeiro deu, a um soldado, tudo o que tinha: cravos vermelhos e brancos.
O soldado aceitou e pôs a flor no cano da espingarda. Celeste foi dando cravos aos soldados que ia encontrando, desde o Chiado até à Igreja dos Mártires. Os soldados foram colocando os cravos vermelhos e brancos nos canos das espingardas.
No dia do 48.º ano da Liberdade, agradecer Abril aos Capitães e ao Povo Português. Não esquecer Salgueiro Maia e os militares de coração patriótico. E não esquecer Celeste Caeiro, a senhora simples dos cravos vermelhos.
Perceber que o 25 de Abril foi o primeiro passo na instauração da Democracia em Portugal, só consolidada com o 25 de Novembro de 1975.Perceber, também, que ninguém poder achar-se dono do 25 de Abril, que pertence em exclusivo ao Povo Português.
Muitos menos os comunistas que, no ambiente da Guerra Fria, queriam substituir a Primavera Marcelista (último reduto do Salazarismo) pelo Comunismo. Ou seja, queriam trocar uma Ditadura por outra. Os comunistas estavam alinhados com o então império soviético, seguiam (e seguem) as diretrizes da Internacional Comunista. Sempre defenderam regimes totalitaristas (a posição atual perante a bárbara invasão/chacina da Ucrânia só surpreende os mais distraídos).
Liberdade, Igualdade e Fraternidade para todos! Salazarismo e Comunismo nunca mais! Não às ditaduras! Na lapela, ostentemos um cravo vermelho (branco ou de outra cor), símbolo do povo pacífico e livre, dádiva de uma generosa senhora que, há 48 anos, fazia limpezas num restaurante e também iria tornar-se protagonista da nossa História.
Os cravos vermelhos da Dona Celeste.