Um golfinho fêmea deu na manhã de ontem, dia 27 de julho, à luz uma cria, no rio Tejo, em Lisboa. O momento foi captado em vídeo pela empresa SeaEO Tours, que promove passeios de barco para observação da natureza e para ver estes mamíferos, que têm feito do estuário e da foz do rio que banha a capital portuguesa a sua casa.
“Hoje foi dia de assistir ao nascimento de um golfinho-comum no rio Tejo”, referiu a SeaEO Tours, que captou esse momento, registado junto à Trafaria, no outro lado da margem, em Almada.
“As condições do rio e mar estava mais difíceis do que o habitual por estar bastante vento. Contudo, navegamos pela margem Sul e deparamo-nos com um grupo de oito golfinhos-comuns (Delphinus delphis), que é a espécie mais avistada no rio Tejo desde 2020. O grupo era composto por várias fêmeas com crias recém-nascidas, com alguns dias ou semanas, até que nos apercebemos que uma delas estava a agir de forma diferente”, relata a empresa em comunicado.
“Estava muito mais tranquilo à superfície e a vir respirar com maior frequência e sem se movimentar muito. Uns segundos depois, vimos uma cria a sair debaixo da fêmea, mesmo muito pequenina com cerca de 50cm: tinha acabado de nascer”, diz.
“Um dos comportamentos da progenitora é empurrar a cria para a superfície para que ela respire pela primeira vez e foi isso que me chamou a atenção na altura. Foi um momento muito especial”, revela Bartolomeu Paes, tripulante e guia da SeaEO Tours.
“Foi-nos possível confirmar porque, para nosso espanto viu-se uma bolsa cor de laranja agarrada à fêmea. Inicialmente pensamos que poderia estar ferida, mas rapidamente deduzimos que, por estar uma bolsa presa e com uma cria tão pequena evidenciada com as pregas fetais (marcas do nascimento) de cetáceos, só podia ser a placenta”, lê-se na nota.
A empresa sabendo que estes animais são muito sensíveis ao som causado pelos motores desligaram os motores para não incomodarem a fêmea com movimento ou barulho. “Apesar de termos uma distância de segurança aos animais, esta fêmea curiosamente aproximou-se dos barcos calmamente, como se viesse mostrar a sua cria recém-nascida. Com um movimento menos habitual, as fêmea consegui livrar-se da placenta passados 10 minutos”.
Com uma gestação que dura entre 11 a 12 meses, estes mamíferos que vivem no mar têm uma maior atividade sexual na altura do verão, entre maio e setembro.
A empresa aproveitou a mensagem e o vídeo para chamar a atenção para a necessidade de proteger estes animais, sobretudo numa altura em que os grandes barcos turísticos, como os cruzeiros, estão de volta a Lisboa.
“Hoje, mais dos que nunca, temos que proteger o rio Tejo e esta população dos golfinhos, que curiosamente têm sido avistados diariamente com crias e fêmeas grávidas”, alerta a empresa.