A um ano da Jornada Mundial da Juventude (JMJLisboa23) em Lisboa, o coordenador do grupo de projeto, José Sá Fernandes, está confiante em que o evento será um sucesso e que deixará um legado “imbatível na região”.
O encontro católico, que contará com a presença do Papa Francisco, vai decorrer entre 01 e 06 de agosto de 2023 e terá as principais iniciativas na zona do Parque Tejo-Trancão, numa extensão de cerca de 100 hectares que abrange parte dos concelhos de Lisboa (Parque das Nações) e de Loures (Sacavém e Bobadela).
As obras para receber o evento começaram no dia 01 de junho, encontrando-se o local convertido num estaleiro.
Foi neste cenário que, em declarações à agência Lusa, o coordenador do grupo de projeto, José Sá Fernandes, se manifestou “bastante otimista” em relação ao sucesso da JMJLisboa2023, uma vez que, segundo o próprio, a obra principal do lado de Lisboa está a “correr a um bom ritmo” e a de Loures “arrancou com pujança”.
“Em relação ao evento principal estamos bastante descansados, pois vamos ter território. Em relação a Loures houve um grande impulso do novo executivo para que as coisas andassem e estão a fazer um trabalho extraordinário”, elogiou o antigo vereador dos Espaços Verdes da Câmara Municipal de Lisboa.
Do lado de Lisboa decorrem já os trabalhos para requalificar os terrenos do antigo aterro de Beirolas, local onde irá ser montado o palco para que o Papa Francisco se possa dirigir aos jovens presentes no evento, num investimento de cerca de sete milhões de euros.
Também do lado da capital está em curso a construção de uma ponte ciclável e pedonal, da responsabilidade da Empresa de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL) e que ligará a zona ribeirinha de Lisboa à de Loures, estando prevista a sua conclusão em outubro deste ano, num investimento de cerca de quatro milhões de euros.
Já do lado de Loures, além da conversão da área num grande espaço verde, destacam-se a intervenção paisagística que prevê no imediato a retirada de parte dos contentores do Complexo Logístico da Bobadela e também a construção de um passadiço que ligará a norte ao concelho de Vila Franca de Xira e a sul à ponte pedonal e ciclável que está a ser construída em Lisboa.
Segundo José Sá Fernandes, será ainda colocada uma ponte militar (provisória) para que veículos automóveis, incluindo o do Papa, possam transitar entre uma margem e outra do Trancão.
No entanto, para o coordenador, o mais importante será o legado “imbatível” que o evento deixará neste território: “Vão ser as primeiras Jornadas que deixarão um legado físico para sempre. São 100 hectares novos para o concelho de Loures e de Lisboa. Vão estar unidos e vai ser muito bom. Vamos servir cento e tal mil pessoas que vivem em Loures e que não têm acesso ao rio e que no futuro poderão ter”.
A ideia, explicou, é que os terrenos que em 2023 vão acolher a JMJ sirvam depois com um “grande parque verde”.
“Era o puzzle que faltava na estrutura verde de Lisboa. O que falta depois é libertar mais territórios em Loures, porque vão sair os contentores, e preparar este legado que se vai deixar para sempre”, reiterou.
Para o evento será também desenhado um plano de mobilidade, quando forem conhecidos todos os locais onde decorrerão iniciativas.
“Nós temos que saber onde é que vão ser os outros eventos. Quando soubermos isso vai ser feito o plano de mobilidade. O Governo encomenda o estudo e depois as câmaras terão de se articular com o plano de mobilidade geral. Há tempo para fazer isso”, considerou.
Já no que diz respeito ao financiamento e à intervenção da tutela, José Sá Fernandes referiu que o Governo “já assumiu nesta fase muitas coisas”, como a saúde, com hospitais de campanha, considerando que o executivo se tem “portado com alta categoria”.
A este propósito, confessou que a única coisa que o deixa “apreensivo” são as tomadas de posição do executivo municipal de Carlos Moedas, instando a autarquia a “cumprir os compromissos que tinha assumido relativamente à realização do evento”.
“A única coisa que eu tenho apreensão é nos equipamentos e nas coisas por que Lisboa se responsabilizou desde sempre, mais especificamente, e por escrito, em abril, e que têm de andar mais depressa, como casas de banho e ecrãs”, apontou.
José Sá Fernandes pretende que o evento possa ajudar a promover a área metropolitana, em especial o concelho de Loures, um dos anfitriões.
“Lisboa [cidade] já é imbatível em si mesma. Basta olhar para este rio. Lisboa está no mapa das cidades mais bonitas do mundo. Para Loures pode ser uma boa oportunidade. Eu gostava muito de poder ajudar nisso”, afirmou.
A JMJ é o maior evento organizado pela Igreja Católica, tendo o anúncio da escolha de Lisboa para receber esta edição sido feito em 27 de janeiro de 2019, na Cidade do Panamá. Inicialmente prevista para agosto de 2022, foi adiada devido à pandemia de covid-19.
Portugal será o segundo país lusófono, depois do Brasil, a acolher uma JMJ, criada em 1985 por João Paulo II (1920-2005).
O Papa Francisco é esperado em Portugal para o encerramento da JMJ em 2023.
Na sexta-feira passada, a Câmara de Lisboa revelou que dispõe de 21 milhões de euros aprovados para a JMJ e que está disponível para investir “até um total de 35 milhões de euros”, informação que comunicou ao Governo.
Em comunicado, a autarquia presidida por Carlos Moedas (PSD) defendeu que os compromissos do Estado devem ser “no mínimo paritários” com o esforço municipal e lembrou que noutros grandes eventos em Portugal “os apoios do Governo foram claros”.
“A Câmara Municipal de Lisboa assumiu as suas responsabilidades. Continuamos à espera de resposta do Governo que, até ao momento, ainda não assumiu as suas”, expôs.