A Câmara Municipal de Torres Vedras aprovou hoje, por unanimidade, o traçado da variante de ligação da Autoestrada 8 (A8) à zona empresarial das Palhagueiras, com duas vias em cada sentido.
Em conferência de imprensa, a presidente da câmara, Laura Rodrigues, explicou que a autarquia decidiu avançar com a construção de uma variante com uma extensão de seis quilómetros, duas vias em cada sentido e mais desviada para sul, abandonando em grande parte a ideia inicial da variante no que ao traçado e número de vias diz respeito.
“Esse espaço canal tinha sido delimitado há muitos anos quando o número de empresas, a atividade económica e as deslocações na Estrada Nacional 8-2 eram muito diferentes de hoje”, justificou a autarca socialista.
Em vez de iniciar no entroncamento para A-dos-Cunhados da EN8-2, a variante vai iniciar no entroncamento em Paio Correia, em pleno nó de acesso à A8, e o seu traçado passa mais a sul do que o inicial, terminando na zona empresarial das Palhagueiras, na freguesia de A-dos-Cunhados.
“O traçado inicial passava por cima de explorações agrícolas e agroindustriais que não existiam na altura”, justificou Laura Rodrigues.

A autarca garantiu aos jornalistas que o traçado alternativo e aprovado já foi apresentado aos empresários agrícolas e agroalimentares do concelho, que o acolheram de forma satisfatória, pelo que “corresponde aos anseios das pessoas para escoar o trânsito pesado, que é cada vez mais intenso”.
Além de desviar perto de três centenas de veículos do centro da vila de A-dos-Cunhados, a nova via vai “contribuir para a descarbonização e para a melhoria da qualidade de vida” daquela população.
Em relação aos custos, a presidente da câmara disse que “tem muitas dúvidas” que os sete milhões de euros de financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que estão garantidos para a obra, sejam suficientes para o projeto, sem avançar uma estimativa de custos.
O estudo de viabilidade da obra, que foi dada a conhecer hoje ao executivo municipal, não aponta para estimativas do custo com expropriações, nem para estimativas de encurtamento de distâncias e de tempo com a nova variante, dados que a autarca também não soube responder.
Laura Rodrigues afirmou que é intenção do município lançar concurso público para a obra até ao final de 2023 e concluí-la até 2026, em virtude de ser o prazo fixado pelo PRR para concretizar o investimento.
Questionada sobre o prolongamento da nova variante até Santa Cruz, a autarca esclareceu que “não é prioridade”, justificando que “o essencial não são as zonas balneares, mas as zonas industriais [ligadas ao setor agroalimentar] para que possam escoar os seus produtos”.
Contudo, acrescentou, é intenção da autarquia começar a efetuar estudos e o projeto, motivo pelo qual abriu rubrica para o efeito no orçamento municipal para 2023, ainda que sem verbas significativas cabimentadas.

O contrato de financiamento para a nova variante de ligação da A8 (Lisboa/Leiria) à área empresarial das Palhagueiras, onde estão localizadas diversas centrais hortofrutícolas, foi assinado em janeiro deste ano entre o município e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo.
Segundo o contrato com a nova variante é estimada uma redução de tempos de percurso de 25%.
O setor da horticultura fatura cerca de 500 milhões de euros, emprega entre sete a oito mil trabalhadores quer nas explorações agrícolas, quer nas centrais de processamento e transformação dos produtos, e escoa os produtos para exportação e para os principais mercados nacionais, estima a Associação Interprofissional de Horticultura do Oeste.
A maioria das explorações está concentrada em Torres Vedras.