O livro “Culto de Nossa Senhora da Nazaré – perspetiva multidisciplinar” foi lançado no sábado, no auditório da Biblioteca Municipal José Soares, na Nazaré, no âmbito da preparação da candidatura a património Imaterial da Humanidade, informou a autarquia.
A obra reúne as apresentações feitas no colóquio científico sobre o culto, realizado em 2020 no âmbito das ações de dinamização da sua candidatura a Património Imaterial da Humanidade, em conjunto com o Governo do Estado do Pará.
O Presidente da Câmara, Walter Chicharro, considerou o culto como “um elemento decisivo na afirmação do território” e um dos primeiros grandes marcos de globalização de uma das marcas, hoje, conhecida pelas suas ondas grandes.
O autarca referiu, ainda, que a candidatura deste culto a património da UNESCO “tem um papel central na estratégia de desenvolvimento local”.

De acordo com dados da Confraria Nossa Senhora da Nazaré, divulgados pela autarquia, o culto mobiliza mais de dois milhões de visitantes por ano ao santuário mariano, localizado no Sítio.
Dóris Santos, Diretora do Museu do Traje, incumbida da apresentação da obra ao público, destacou a importância da mesma para “perceber um culto tão importante para tantos devotos” em diferentes nações.
“Este volume vai ficar como referência no culto de NS Nazaré, o primeiro fenómeno global que a localidade viveu. Tem um carácter diferenciador, por ser escrito a várias mãos, servindo os propósitos científico e académico, mas também o do crente,” acrescentou.
Por sua vez, Pedro Penteado, investigador do CEHR da Universidade Católica Portuguesa, reforçou a ideia desta “obra ter um aspeto ímpar por ser a única que olha para um culto mariano e um santuário relevante a partir de um conjunto de olhares”.
O investigador realçou, ainda, a importância dos contributos do livro na candidatura à UNESCO, na salvaguarda do património arquitetónico, no aspeto educativo numa perspetiva intergeracional, e no turismo religioso e cultural, na sua procura por autenticidade dos destinos.
Já Maria Adelina Amorim, autora de estudos sobre o culto de NS Nazaré em Belém do Pará (Brasil), frisou que o culto se tornou “transnacional, chegando ao Brasil e a África” na sequência do Concílio de Trento, cujo principal objetivo foi reafirmar os dogmas da fé católica frente à disseminação do protestantismo.
A terminar a sessão pública de lançamento, Carlos Medeiros, coordenador da Candidatura do Culto a NSN a Património Imaterial da Humanidade, falou de a decisão da mesma ter passado a ser internacional, apesar dos 800 anos de história do culto e dos aspetos interessantes que rodeiam este fenómeno de culto internacional, como a imagem “quem dinamiza todo o culto.”
“Nós estamos a restaurar a imagem”. “Já permitiu ver que é uma imagem medieval, de um período recuado da Idade Média”, disse, acrescentando que há, ainda, um pormenor mais interessante “que eu espero que se confirme. É que essa imagem terá sido feita com madeira de uma imagem mais antiga. Admite-se essa possibilidade. A imagem é feita de madeira de oliveira, e admite-se que possa ser uma madeira com mais de 2 mil anos” até porque havia o hábito de aproveitar a parte boa da madeira de imagens de culto maiores, mas bastante danificadas.
O livro está à venda nas lojas da Praia do Norte (Forte de São Miguel Arcanjo e Centro Cultural da Nazaré).