A professora Noémia Rodrigues tirou o dinheiro que tinha em depósitos bancários e pôs em certificados de aforro, atraída pelos juros e na esperança de que o retorno permita compensar o agravamento da prestação do crédito à habitação.
Professora de Alenquer, Noémia Rodrigues contou à Lusa que levantou recentemente todo o dinheiro que tinha no banco e pôs em certificados de aforro, aproveitando que o juro destes tem vindo a subir já que está indexado à taxa Euribor.
“Em relação ao banco ainda é algum juro, que não temos nos depósitos. E ainda há a benesse de mais 1% se não levantar o dinheiro por alguns anos. Para mim foi uma escolha muito fácil porque não tem risco”, afirmou.
A professora de 49 anos explicou que tomou esta decisão em conjunto com o marido na esperança de que os juros que o dinheiro irá render sirvam para compensar o aumento sentido na prestação do crédito à habitação.
Também Barreira Baptista, de 80 anos, e Carlos Maia, de 26 anos, já fizeram nos últimos meses várias subscrições de certificados de aforro, levados pelos juros de uma aplicação tida como segura. Ambos veem ainda como vantajosa as condições de mobilização destes produtos, já que ao fim de três meses o cliente pode dispor do dinheiro sem penalizações.
Barreira Baptista fez a primeira aplicação nos certificados de aforro em outubro, retirando dinheiro do banco, e desde então fez novas aplicações, em novembro (após a venda de uns terrenos) e em dezembro. Mesmo assim, o reformado que vive em Guimarães considera que já despertou tarde para a melhor remuneração destes produtos de capital garantido.
“Eu tinha aplicações em depósitos a prazo em bancos que davam zero e comecei a ver o que havia e até acordei tarde, porque as taxas de juro já começaram a ficar positivas em julho e certificados de aforro foram subindo”, disse.
Assim, apenas deixou no banco um “aforro mínimo para dar tranquilidade” caso surja uma situação imprevista e pôs o restante dinheiro nestes títulos de dívida pública. Já investir em títulos de mais risco, como ações, não foi opção para o reformado porque já teve “más experiências”.
Aos 26 anos, a viver em Chaves, Carlos Maia pôs pela primeira vez dinheiro em certificados de aforro há três meses (esta sexta-feira recebeu pela primeira vez juros) e posteriormente fez nova aplicação.
“Quando comecei a trabalhar e a juntar dinheiro numa conta poupança, verifiquei que os juros eram muito baixinhos e procurei onde pudesse pôr o dinheiro a trabalhar”, afirmou à Lusa o trabalhador de uma empresa gestora de alojamento local.
Sem estar confortável em pôr as suas poupanças em produtos mais arriscados, como fundos de investimento sobre índices de ações, apesar de ter andado a estudar sobre essas possibilidades, decidiu-se pelos certificados de aforro e está satisfeito, esperando fazer nova subscrição este mês.
Os certificados de aforro são títulos de dívida pública vendidos pelo Estado a cidadãos particulares, que são distribuído pelos CTT. Também podem ser subscritos certificados de tesouro mas de momento com condições menos atrativas.
Nos certificados de aforro podem ser aplicados entre 100 e 250 mil euros e a pessoa pode levantar o seu capital ao fim de três meses. A rentabilidade é a taxa de juro Euribor a três meses acrescida de 1%, havendo prémios de permanência (mais 0,5% entre segundo e quinto ano e 1% entre sexto e décimo ano).
Segundo o IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública, que emite os certificados de aforro, em fevereiro as novas subscrições contam com uma taxa de juro bruta de 3,403%.
Os certificados têm uma taxa de juro máxima de 3,5% (valor que deverá ser atingido em março), ou seja, mesmo que a Euribor suba mais a taxa de juro paga não vai além dos 3,5%.