O município da Nazaré manifestou hoje pesar pela morte do antigo ministro da Justiça Álvaro Laborinho Lúcio e decretou luto municipal perante a “perda irreparável” de alguém que manteve forte ligação à terra natal.
Em comunicado, em nome de todos os órgãos autárquicos e da comunidade, o município da Nazaré, manifesta “o mais profundo pesar pela partida de Álvaro Laborinho Lúcio”, nascido na Nazaré em 1 de dezembro de 1941, e que morreu hoje, aos 83 anos.
Reconhecendo-o como “figura ímpar”, a autarquia sublinha a “intervenção assinalável nas áreas da justiça, do ensino e da cultura”, num percurso marcado “pela dedicação ao Direito, à cidadania e à comunidade”.
Na nota em que manifesta “orgulho e reconhecimento” pela forte ligação de Laborinho Lúcio à sua terra natal, a Câmara da Nazaré expressa condolências à família e decreta luto municipal, “em sinal de respeito e memória” perante “a perda irreparável de alguém que tão dignamente serviu a Justiça e a comunidade”.
O executivo municipal conclui o comunicado manifestando o desejo de que o legado de Álvaro Laborinho Lúcio permaneça vivo e inspire novas gerações.
Já o recém-eleito presidente da Câmara da Nazaré, Serafim António, que será empossado em 1 de novembro, escreveu na rede social Facebook que “a Nazaré perde hoje um dos seus filhos maiores, um homem que honrou a (…) terra e que levou o nome do (…) concelho mais longe, sempre com orgulho e com o coração cheio de afeto pelas suas origens”.
Magistrado, ministro, escritor, pensador, “mas acima de tudo um humanista, alguém que acreditava nas pessoas, na justiça e no poder transformador da educação e da cultura”, escreveu Serafim António, para quem Laborinho Lúcio foi “um homem por inteiro”.
Na mesma rede social, o anterior presidente da autarquia da Nazaré, Walter Chicharro, lamentou a perda de “um dos grandes nomes da Justiça, da política, da educação, do teatro e da escrita”, reconhecido como um “homem bom” e “grande figura nazarena dos últimos 100 anos”.
Álvaro Laborinho Lúcio foi secretário de Estado da Administração Judiciária e ministro da Justiça, durante o Governo de Cavaco Silva, e ministro da República para os Açores, durante a presidência de Jorge Sampaio.
Foi também Procurador da República junto do Tribunal da Relação de Coimbra, inspetor do Ministério Público, Procurador-Geral-Adjunto da República, diretor da Escola da Polícia Judiciária e do Centro de Estudos Judiciários.
Na Nazaré, foi presidente da Assembleia Municipal.
Mais recentemente, integrou a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa.
Na juventude, foi ator amador, tendo participado na criação do Grupo de Teatro da Nazaré.
Ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde se licenciou em Direito e obteve o Curso Complementar de Ciências Jurídicas.
Laborinho Lúcio foi membro, entre outras, de associações como a APAV – Associação Portuguesa de Apoio à Vítima e a CRESCER-SER, de que era sócio fundador.
Entre 2013 e 2017, foi Presidente do Conselho Geral da Universidade do Minho e membro eleito da Academia Internacional da Cultura Portuguesa.
Estreou-se na escrita de ficção narrativa em 2014, com “O Chamador”, na Quetzal, editora pela qual lançou mais quatro títulos até ao ano passado.
Já este ano, em março, editou, pela Zigurate, com Odete Severino Soares e ilustrações de Catarina Sobral, o livro “Marília ou a Justiça das Crianças”.
Foi condecorado em 2005 pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo.








