O Ministério Público acusou a jovem de 16 anos que terá matado a irmã de 19 por causa de um telemóvel, no ano passado em Peniche, dos crimes de homicídio qualificado e profanação de cadáver.
De acordo com a acusação, a que a agência Lusa teve hoje acesso, as duas irmãs viviam com o pai e dele dependiam financeiramente, uma vez que a vítima estava desempregada.
Segundo o MP, o progenitor apresentava dependência do álcool, pelo que irmã mais velha “assumia uma posição de supervisão” sobre a mais nova, “vigiando e tentando reprimir contactos sexuais e amorosos via Internet”.
Em 15 de agosto de 2023, a vítima começou a repreender a irmã mais nova por estar a trocar mensagens desse teor através da aplicação ‘Whatsapp’, começando ambas a discutir.
De acordo com a acusação, a arguida veio a munir-se de “provavelmente uma faca” e, aproveitando-se do facto de a irmã ser anã, atingiu-a “em diversas partes do corpo”, apesar de esta ainda ter fugido dentro de casa.
Depois, arrastou o corpo para o quarto, escondendo-o debaixo da cama.
Ao fim de três dias, enrolou-o num lençol, fazendo uma trouxa, e, com a ajuda de um carrinho de mão, transportou-o para um terreno nas traseiras da habitação, onde fez um buraco com uma pá e o enterrou.
Tendo em conta que as paredes e o chão da habitação se encontravam sujos de sangue, a agressora limpou esses vestígios, “nunca demonstrando o mais pequeno mal-estar ou arrependimento”.
Uma vez que o pai lhe tinha destruído o seu telemóvel face ao seu comportamento, apoderou-se do da irmã, colocou-lhe o seu cartão e passou a usá-lo.
Quando a família perguntou pela irmã mais velha, a agressora “inventou que se teria ausentado de Peniche para ir ter com um antigo namorado”.
A mãe veio a apresentar queixa à PSP do desaparecimento da irmã mais velha no dia 19 de agosto, uma vez que desconhecia o seu paradeiro desde o dia 15.
A Polícia Judiciária começou a investigar o caso, vindo a encontrar o corpo da vítima em 15 de setembro, um mês depois.
Na ocasião, em conferência de imprensa, o diretor da Polícia Judiciária de Leiria, Avelino Lima, indicou que a investigação conduziu os inspetores para o núcleo familiar e as diligências realizadas para a identificação de vestígios de natureza biológica.
O motivo da discussão e do crime, “à volta da posse de um telemóvel”, foi “completamente fútil”, sublinhou.
A jovem agressora veio a ser detida e ficou a aguardar julgamento em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional de Tires, no concelho de Cascais.
A rapariga confessou que matou a irmã e enterrou o seu corpo.
A família estava sinalizada pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Peniche, mas não por maus-tratos.