O bastonário da Ordem dos Médicos lamentou hoje que a área da saúde pública tenha sido esquecida na reforma das Unidades Locais de Saúde, considerando tratar-se de um pilar fundamental a ser recolocado pelo Ministério da Saúde.
“A área da saúde pública é fundamental para o desenvolvimento da saúde em Portugal e, lamentavelmente, foi esquecida nesta reforma das unidades locais de saúde”, afirmou Carlos Cortes, considerando esta área “um pilar fundamental para todo o sistema de saúde” que a tutela deverá “recolocar”.
Em declarações a jornalistas, no final de uma visita à Unidade de Saúde Familiar Rainha D. Leonor, nas Caldas da Rainha, o bastonário explicou que “como a saúde pública não tinha sido previamente definida nas ULS, cada uma organiza a sua, da maneira que acha que é melhor para a saúde pública, mas tem que haver alguma uniformidade”.
Daí que, segundo o bastonário, a Ordem dos Médicos tenha incluído, no conjunto de propostas que entregou ao Ministério da Saúde, “um conjunto de orientações para o enquadramento do desenvolvimento da saúde pública nas ULS”.
Defendendo que o Governo “não deve voltar atrás” no que respeita às ULS, Carlos Cortes, alertou para a necessidade de estas “serem melhoradas”, tendo em conta as diferenças territoriais entre as várias unidades ou características como estarem ou não ligadas a hospitais universitários, por exemplo.
Na visita enquadrada no Dia do Médico de Família, que se assinala no próximo domingo, o bastonário lembrou existirem no país “entre 1,6 a 1,7 milhões de utentes sem médico de família”, e que “a região do Oeste é das mais deficitárias em termos de cuidados de saúde primários”.
Uma convicção alicerçada no facto de no concelho das Caldas da Rainha, de um total de 64 mil habitantes, “cerca de 20 mil não terem médico de família”, situação para a qual afirmou esperar que no plano de emergência para a saúde que o Governo irá anunciar “haja medidas muito concretas para reforçar estas zonas mais carenciadas em termos de profissionais de saúde”.
No que toca ao Oeste, Carlos Cortes sublinhou a necessidade de “olhar para o futuro e, muito rapidamente, pensar no próximo passo”, ou seja, a construção de “um único hospital”, para a região atualmente servida pelos hospitais das Caldas da Rainha, Peniche e Torres Vedras.
Depois de o anterior Governo ter anunciado a localização do novo hospital no Bombarral, a ordem dos médicos desafia agora o Governo de Luis Montenegro a “tomar decisões concretas” e avançar com a “construção que já devia ter sido iniciada”, ao invés de continuar a efetuar obras que “são remendos provisórios, temporários, que neste caso em concreto, acabam por atrasar aquilo que é absolutamente obrigatório e necessário”.