A obra pintora Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992) vai ser exposta nos museus Guggenheim em Veneza, em Itália, e em Bilbau, em Espanha, em 2025, revelou à Lusa o presidente da Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva.
Estas exposições fazem parte de um programa de internacionalização que está em curso para os próximos três anos, e que envolve várias parcerias com instituições culturais e especialistas na obra da pintora, de Portugal, Brasil, França, Estados Unidos e Marrocos, entre outros.
“São exposições em preparação para os próximos anos, que representarão um grande esforço de internacionalização da obra da artista e da cultura portuguesa”, sublinhou o presidente da Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva, António Gomes de Pinho, contactado pela Lusa.
O programa de internacionalização da obra de Vieira da Silva até 2027 foi tema de uma conferência que decorreu ontem na FASVS, em Lisboa.
A conferência abordou temas relacionados com a internacionalização – realização de exposições e promoção da investigação da sua obra – e, “em concreto, alguns projetos em curso e outros a iniciar”, indicou o responsável que tutela o museu em nome da artista, criado há 30 anos, em Lisboa, e que cobre um vasto período da produção de pintura e desenho do casal: de 1911 a 1985, para Arpad Szenes (1897-1985), e de 1926 a 1986, para Maria Helena Vieira da Silva.
“Estamos também a preparar uma presença de Vieira da Silva nas comemorações dos 100 anos da Galeria Jean Boucher, em Paris, galeria da artista durante mais de 50 anos, a colaborar com a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento num projeto em Nova Iorque, e, com uma especialista brasileira da obra da pintora, estamos a preparar um projeto no Brasil”, para uma exposição num museu ainda a definir.
Depois da realização da primeira exposição da obra de Vieira da Silva num país árabe, em Marrocos, inaugurada em 2023, que esteve patente até fevereiro deste ano, a FASVS prepara “outra grande exposição no mundo árabe”, sem avançar, para já, pormenores.
A exposição “Une histoire d’amour et de peinture” (“Uma história de amor e de pintura”, em tradução literal) esteve patente no Museu Mohammed VI de Arte Moderna e Contemporânea, em Rabat, com mais de 90 obras do casal de artistas, a convite da Fundação Nacional dos Museus de Marrocos. Desta exposição ontem foi lançado um catálogo trilingue.
“Será um novo grande projeto que vai no sentido de evidenciar a enorme atualidade da obra de Vieira da Silva”, salientou António Gomes de Pinho, recordando que a pintora foi alvo de duas exposições durante a Temporada Cruzada Portugal-França, país onde viveu durante décadas, depois de ter deixado Portugal para fugir à ditadura do Estado Novo.
Em Lisboa, continua patente, até 26 de julho, no parlamento, em Lisboa, a exposição “A Nós a Liberdade”, inspirada na designação de uma série de pinturas de 1934, “À Nous la Liberté”, com 31 obras da artista, algumas nunca ou raramente vistas em Portugal, realizada para assinalar o 50.º aniversário do 25 de Abril de 1974.
As 31 obras, que abarcam um período entre 1932 e 1988, são oriundas de museus, fundações e coleções particulares, instituições portuguesas e estrangeiras, e evocam a ideia de liberdade no seu sentido mais lato, “que era um valor muito importante para a artista”, sublinhou Gomes de Pinho à Lusa.
Outra exposição, com a obra gráfica de Vieira da Silva vai ser inaugurada nas Caldas da Rainha a 07 de junho, e andar em itinerância pelo país sob o título “Os Frutos da Liberdade”, também enquadrada nas celebrações dos 50 anos da revolução.
A itinerância inclui a Casa das Memórias, em Nisa, o Museu de Artes Decorativas em Viana do Castelo, a Biblioteca Municipal de Vila Nova de Gaia, e a Torre da Cadeia Velha, em Ponte de Lima, decorrendo até dezembro deste ano.
O Museu Arpad Szenes – Vieira da Silva foi inaugurado a 03 de novembro de 1994, num edifício da Praça das Amoreiras, cedido pela Câmara Municipal de Lisboa, e apresenta regularmente exposições com a obra do casal ou de artistas com os quais tiveram algum tipo de amizade.