O Teatro da Rainha estreia, no dia 20, a peça “Órfãos”, de Dennis Kelly, numa encenação de Henrique Fialho que, até 13 de dezembro, tornará o palco num “jantar romântico convertido em laboratório do mal”.
“Até onde estaria disposto a ir na defesa de um familiar” é a questão que levanta a mais recente criação do Teatro da Rainha, com a peça que o encenador, Henrique Fialho, considera procurar “desmontar a lógica do ‘nós ou eles'”, das “pessoas de bem versus pessoas de mal”.
Em “Órfãos” um jantar romântico entre Danny e Helen é subitamente interrompido pela chegada do irmão de Helen coberto de sangue no tronco e, segundo a sinopse divulgada pelo Teatro da Rainha, “o primeiro instinto de Danny é chamar a polícia, mas Helen pede a Danny que não o faça”, alegando que o irmão tem cadastro e que a polícia pode desconfiar dele.
Entre as mentiras do irmão, Liam, as ameaças de Helen e as tentativas de manipulação de ambos para que Danny não chame a polícia, “de cena para cena, os laços familiares vão-se deteriorando” ao longo do jantar e a discussão das decisões sobre se devem ajudar o rapaz ferido ou proteger a família vão “estilhaçando por completo, com os instintos humanos mais básicos, a possibilidade de uma vida doméstica pacífica”.
Neste “jantar romântico convertido em laboratório do mal”, com “diálogos impressionantemente bem concebidos, a trama desenrola-se através de uma sucessão de argumentos, lapsos e falácias, típica dos ‘thrillers’ psicológicos cuja marca essencial é o suspense que garante tensão do princípio até ao fim”, explica o Teatro da Rainha numa nota às redações.
A discussão dos três é o moto para questionar “a volatilidade dos laços familiares, as fraturas sociais, a criminalidade, o aborto, os efeitos da imigração, o racismo, a tortura, a alienação da consciência moral e dos valores que a sustentam”, pode ler-se no texto sobre a peça de Dennis Kelly, autor de séries como “Utopia” ou “The Third Day” e vencedor de prémios BAFTA, Emmy e Tony.
Para o Teatro da Rainha, “uma das dimensões mais interessantes neste trabalho do dramaturgo inglês é precisamente o modo como nele se processa o encontro entre uma sociedade corrompida pela violência, pela cultura do ódio, e uma família num momento de disrupção motivado pelo confronto com a realidade”.
Com tradução e encenação de Henrique Fialho, “Órfãos” conta com a interpretação de Fábio Costa, Inês Barros e Tiago Moreira, cenografia de José Carlos Faria e desenho de luz de Hâmbar de Sousa.
A peça estará em cena de quarta a sábado, às 21:30, entre 20 de novembro e 13 de dezembro, na sala estúdio da companhia residente nas Caldas da Rainha, no distrito de Leiria.














