A EDP anunciou que a sua nova central fotovoltaica da Cerca, em Alenquer e Azambuja, deverá produzir 202 Megawatts-pico (MWp), elevando a sua capacidade solar em Portugal para 540 MWp.
A central, que esteve em fase experimental até esta segunda-feira, é a primeira das centrais solares de maior potência a entrar em operação entre as que foram adjudicadas no leilão público de 2019 e deverá ter uma produção anual estimada de 330 gigawatt-hora (GWh).
“Com uma produção anual estimada de 330 GWh, esta central vai produzir eletricidade renovável que seria suficiente para abastecer diretamente cerca de 100.000 famílias ou cerca de 1% da população nacional”, estima a EDP, que acrescenta que a produção desta eletricidade deverá evitar a emissão anual de 170 toneladas de dióxido de carbono.
No documento, a energética sublinha que a produção solar é “fundamental para a transição energética do país”.
Em declarações aos jornalistas durante a visita à central, o administrador da EDP Renováveis para Europa e América Latina, Duarte Bello, apontou que o objetivo da elétrica é investir à volta de 3.000 milhões de euros por ano em renováveis, globalmente, e de alcançar cerca de 4.000 MWp este ano, no conjunto das geografias onde opera, dos quais mais de metade em solar, uma vez que os custos desta tecnologia têm diminuído e têm já uma competitividade semelhante à eólica.
Questionado sobre o preço obtido no leilão em 2019, com um valor médio de 20 euros por MWh, o responsável considerou-o justo.
“O projeto tem várias componentes que foram sendo ajustadas pelo contexto, era um projeto que foi feito antes da covid-19, das guerras, não foi só em Portugal, mas também noutros países, em que houve alguns ajustes à entrada dessa tarifa, alguns adiamentos para a entrada dessa tarifa que ajudam a reequilibrar as contas do projeto”, apontou Duarte Bello.
Tendo em conta o baixo preço que os leilões solares registaram no país, o responsável admitiu que há margem para praticar preços mais baixos no consumidor.
Quanto às limitações ao desenvolvimento das energias renováveis, o responsável apontou a capacidade de ligação à rede, que considerou ser reduzida.
“Isso é que tem de alguma forma desacelerado o desenvolvimento de novos projetos porque ou não existe, ou a que existe é cara ou a que existe é cara e demora muito tempo”, referiu.
Relativamente ao contexto político, Duarte Bello manifestou-se confiante de que, qualquer que seja o Governo, haverá condições para “trabalhar bem”.
“Estamos numa trajetória que é impossível de parar, que é acelerar a transição energética, nós temos o nosso papel, os governos têm de fazer o deles, mas nós estamos aqui para trabalhar”, realçou.
O projeto, capaz de fornecer energia ao equivalente a 100.000 habitações, contou com cerca de 350 trabalhadores na fase de construção.