A área de campismo ocasional da ilha das Berlengas, ao largo de Peniche, vai reabrir no sábado, disse hoje fonte oficial do município, quatro anos depois de ter encerrado devido às restrições impostas pela pandemia de covid-19.
O campismo vai reabrir com lotação limitada a 33 campistas, divididos por 14 espaços, mais afastados da arriba, de acordo com as normas de utilização, que foram aprovadas em junho por unanimidade pela Câmara de Peniche e a que a agência Lusa teve acesso.
Os campistas estão também limitados a uma permanência de cinco noites seguidas ou 10 noites interpoladas.
Para reabrir, o município do distrito de Leiria obteve pareceres da Agência Portuguesa do Ambiente, autoridade de saúde pública e Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), ainda que condicionados às alterações introduzidas.
No verão passado, a autarquia chegou a aprovar um conjunto de normas de funcionamento para o campismo, assim como a atualização das taxas de pernoita, mas o espaço acabou por não reabrir.
Nessa ocasião, o presidente da câmara, Henrique Bertino, explicou que o encerramento se prendeu, há quatro anos, com pandemia de covid-19 e questões de segurança relacionadas com a instabilidade da falésia levantadas pela Agência Portuguesa do Ambiente.
“Foi detetado algum grau de instabilidade na arriba, bem como o risco de queda de pequenos blocos que estejam confinantes com a margem do limite superior da crista, pelo que, para serem garantidas as condições de segurança, a APA propôs a inutilização dos socalcos mais próximos da arriba, bem como a recolocação da vedação de limitação de espaço com a respetiva sinalética de aviso”, explicou a câmara municipal na proposta votada na altura, a que a agência Lusa teve acesso.
Além da lotação limitada, a autarquia atualizou a taxa por cada noite a aplicar aos campistas de 10,30 para 20,60 euros para duas pessoas, de 14,95 para 29,90 euros para três pessoas e de 19,60 para 39,20 euros para quatro pessoas, na mesma tenda.
Esta atualização teve “em conta a subida da inflação que tem acontecido nos últimos meses e que, nos últimos 12 anos, não houve qualquer alteração nos preços praticados”, justificou.
Henrique Bertino admitiu que as despesas para manter a ilha “são exorbitantes” e sublinhou a necessidade de criar receita face a essas “exigências financeiras”.
No final do verão passado, um grupo de cidadãos chegou a concentrar-se na ilha das Berlengas, em protesto contra o encerramento do campismo desde 2020 e a exigir a sua reabertura, tendo circulado uma petição ‘online’ subscrita por mais de mil cidadãos no mesmo sentido.
Em 2022, os visitantes da ilha das Berlengas passaram a pagar uma taxa de três euros por dia, sendo metade para crianças e jovens entre os 6 e os 18 anos e para maiores de 65.
Em 2023, a Reserva Natural das Berlengas, no distrito de Leiria, foi visitada por 77.586 pessoas, de acordo com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, reportando-se ao registo ‘online’ de visitantes – através da plataforma ‘Berlengapass’ – implementado no mesmo ano, o que rendeu uma receita de 207 mil euros.
A ilha da Berlenga tem um limite diário condicionado a 550 visitantes em simultâneo, estabelecido por portaria, para minimizar os efeitos do turismo sobre as espécies e habitats naturais sensíveis, tendo em conta a pequena dimensão terrestre do arquipélago.
O acesso condicionado de turistas decorreu também de estudos científicos e já estava previsto no regulamento do Plano de Ordenamento da Reserva, em vigor desde 2008, mas não chegou a ser fixado até meados de 2019.
O arquipélago foi classificado em 2011 como Reserva Mundial da Biosfera pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), tem estatuto de reserva natural desde 1981, é Sítio da Rede Natura 2000 desde 1997 e foi classificado como Zona de Proteção Especial para as Aves Selvagens em 1999.