A Infraestruturas de Portugal prolongou até quase ao final do ano a interdição da circulação de comboios na Linha do Oeste entre Sintra e Torres Vedras, devido às obras de modernização em curso.
Depois do encerramento do troço entre as estações de Mira Sintra e Torres Vedras por quatro meses, entre abril e este mês, prevê-se agora a “reabertura integral à circulação durante o quarto trimestre de 2024”, informou a IP à agência Lusa.
“Após o início dos trabalhos no túnel [da Sapataria, no concelho de Sobral de Monte Agraço], foram detetadas situações, decorrentes da imprevisibilidade da natureza geológica do mesmo e que não eram identificáveis na fase de projeto, que obrigam a prolongar o período de suspensão, designadamente o aumento expressivo do volume de injeções para a consolidação e estabilização do túnel”, explicou a empresa.
Segundo a IP, tem havido, contudo, um “reforço significativo de meios em obra, estando-se a trabalhar cerca de 20 horas por dia”.
O encerramento da linha naquele troço localizado prende-se com as obras de eletrificação do túnel da Sapataria, consideradas “de elevada complexidade” – é necessário o aumento da altura livre no túnel de forma a permitir instalar a catenária de alimentação elétrica dos comboios.
“Por forma a garantir as melhores condições de execução da obra, mitigando os riscos para a segurança dos trabalhadores e da circulação, torna-se imprescindível proceder ao corte integral da circulação ferroviária no troço”, esclareceu a IP.
As situações de imprevisibilidade ocorridas na obra provocaram não só o prolongamento do encerramento do troço da linha à circulação ferroviária, como também tiveram um “impacto relevante sobre o prazo de execução” das duas empreitadas de modernização da linha em curso – Meleças /Torres Vedras e Torres Vedras/Caldas da Rainha,
Depois dos vários atrasos já verificados, a conclusão da obra deverá derrapar do final deste ano para “o início de 2025”, de acordo com a empresa.
As obras estão a decorrer com a duplicação de parte da via-férrea e aumento da velocidade máxima de circulação, até 140 quilómetros/hora, permitindo uma redução nos tempos de trajeto, construção e remodelação de várias estações ferroviárias e de passagens desniveladas, assim como a supressão de passagens de nível.
A empreitada envolve ainda a aplicação de um sistema de instalações fixas de tração elétrica para a eletrificação da linha, bem como a instalação de torres para o sistema de comunicações móveis e do sistema de informação aos passageiros.
O projeto de modernização da Linha do Oeste (Sintra/Figueira da Foz) está dividido em duas empreitadas, sendo a primeira a de eletrificação e modernização do troço entre Mira Sintra-Meleças e Torres Vedras, num investimento de 61,7 milhões de euros.
A segunda consiste na modernização e eletrificação do troço entre Torres Vedras e Caldas da Rainha, orçada em 40 milhões de euros.
Contudo, o investimento global é de 160 milhões de euros, incluindo expropriações, de acordo com a empresa.
Em fevereiro, a IP lançou um concurso de 7,5 milhões de euros para o estudo prévio e projeto do prolongamento das obras entre as estações de Caldas da Rainha e do Louriçal.
Segundo a IP, está a decorrer a “fase de desenvolvimento dos estudos e projetos de engenharia, seguindo-se a avaliação de impacto ambiental e posteriormente o lançamento do concurso de empreitada”.
As principais intervenções desta terceira empreitada consistem na modernização e eletrificação da via atual, na instalação da sinalização eletrónica e na supressão das passagens de nível existentes, assim como no aumento do comprimento útil das linhas das estações e na melhoria das instalações para o serviço de passageiros e dos respetivos acessos em estações e apeadeiros.
A Comissão para a Defesa da Linha do Oeste tem alertado para o atraso na conclusão das obras, assim como para a necessidade de desenvolvimento do concurso para a modernização e eletrificação do troço Caldas da Rainha/Louriçal.