A presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras, Laura Rodrigues, escreveu uma carta aberta à ministra da Saúde, Ana Paula Martins, na qual manifesta preocupação sobre o “vazio de decisão” relativo à construção do novo Hospital do Oeste. Na carta, a autarca questiona a “prioridade” que o Governo dá a esta infraestrutura.
“Em maio de 2024, o Ministério da Saúde informou a comunicação social de que estaria a avaliar o processo de construção do novo Hospital do Oeste para tomar uma decisão e que este teria ‘toda a prioridade’. Vamos recebendo informações esporádicas e vamos assistindo aos estudos e argumentos que o edil das Caldas da Rainha vai colocando na rua. Dizia-se que ‘o Governo encara este projeto como muito relevante para toda a região e irá dar-lhe toda a prioridade que ele merece’. A pergunta que fazemos, como certamente fará a grande maioria dos oestinos é: será esta a prioridade que merecemos? Passou quase um ano. A verba está inscrita no Orçamento de Estado de 2025. Por que esperamos?”, questiona Laura Rodrigues
A edil torriense refere ainda que a Unidade Local de Saúde do Oeste anunciou recentemente um investimento de oito milhões de euros para reabilitar um dos edifícios do Hospital de Caldas da Rainha. “E Torres Vedras? Por aqui nem investimento no atual hospital nem médicos”, lamenta.
“Em Torres Vedras continuamos a ter 40 mil utentes do Serviço Nacional de Saúde sem médico de família”, afirma Laura Rodrigues, que alerta para as condições do hospital local, sublinhando que “continuamos a ter um hospital onde não cabem os utentes que dele precisam e onde bastaria percorrer os corredores para perceber que falta dignidade e condições tanto para os utentes como para os profissionais de saúde, que fazem o que podem para responder às necessidades da população”.
Laura Rodrigues comenta que “a coesão territorial é uma expressão que é querida a todos os governantes. Serve para evocar a correção de assimetrias entre litoral e interior, entre os que estão mais próximos da capital e os que em tempo ou distância lhe ficam mais longe. Mas pode dar-se o paradoxo de um território litoral a pouco mais de meia hora de Lisboa ficar esquecido sucessivamente, fora das preocupações com prestação de serviço público ou com coesão territorial. Assim tem sido com o Oeste no que à prestação de cuidados de saúde diz respeito”.