Uma das ideias mais abjetas que certa Esquerda radical verbera (ancorada numa Comunicação Social militante) é a de que a Direita portuguesa não defende o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e que não vê a hora de o destruir em nome de uma privatização total da Saúde no País.
Sendo eu, desde que tenho consciência política, não-socialista (há já perto de 35 anos), começo por agradecer a um ilustre e saudoso socialista a sua génese, em 1979: António Arnaut.
O “pai” do SNS, como ficou conhecido, foi sempre um acérrimo defensor do Serviço Nacional de Saúde, dos profissionais de Saúde e dos doentes. Devemos, todos, agradecer-lhe a defesa constante que fez do SNS em várias circunstâncias. António Arnaut, reconhecido humanista, via o SNS como «uma das maiores conquistas da nossa democracia e o principal fator de coesão social».
Concordo a 100 por cento. Sou um defensor incondicional do SNS. Como liberal social, personalista, humanista e solidário, considero-o um dos direitos fundamentais dos cidadãos: o direito ao acesso a cuidados de Saúde em condições de equidade.
Defender o SNS é uma coisa. Achar que está perfeito, e que não deve ser reformado, é outra completamente diferente.
Os atuais tempos pandémicos mostraram-nos, por um lado, a mais do que necessária existência de uma organização de Saúde Pública em Portugal; e, por outro, ampliaram todas as suas insuficiências.
Temos de garantir o acesso à Saúde para todos e com urgência, qualidade e rigor.
Não podemos continuar sem consultas de especialidade ao fim-de-semana e marcadas, para quem não pode recorrer ao Privado, apenas depois do envio de uma carta.
Não podemos morrer nas urgências ou ser atendidos à pressa e sem os meios ou os equipamentos fulcrais para salvar as nossas vidas.
Pessoas que vivem, por exemplo, em Torres Vedras têm de ser vistas como cidadãs de primeira e, em articulação com o Privado, têm de poder usufruir, a tempo e horas, de assistência médica de urgência e acessível. Não acredito que, numa emergência, olhemos para se vamos ao Público ou ao Particular. Só queremos ser atendidos, examinados e salvos. Não podemos aguardar meses e anos por uma consulta, espera por vezes fatal.
Os médicos, enfermeiros, auxiliares e outros profissionais de Saúde, que têm estado, sempre, na primeira linha, têm de ser defendidos com intransigência. Não podem continuar a trabalhar, muitas vezes, em condições e cargas horárias desumanas. São Pessoas.
Têm o direito a ver as suas carreiras não congeladas. Merecem ser tratados pelo Estado de forma digna e dignificante. Não podem estar na primeira linha a salvar vidas e numa segunda linha ao nível dos direitos e das regalias.
Reformar o SNS é, acima de tudo, respeitá-lo, entender a sua vital importância na nossa vida, honrar o “pai” Arnaut e o Personalismo solidário. É cuidar dos Portugueses e de Portugal.