Os ex-trabalhadores da extinta Fundição de Dois Portos, em Torres Vedras, requereram ao Tribunal da Comarca Lisboa Norte o pagamento parcial das indemnizações após concluída a liquidação do património da empresa.
O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Centro-Sul e Regiões Autónomas informou os ex-trabalhadores associados que o tribunal deu como concluída a fase de liquidação do ativo, num comunicado aos antigos funcionários, a que a agência Lusa teve hoje acesso.
Em maio de 2023, o administrador de insolvência apresentou as contas ao tribunal e aos credores, existindo cerca de 2,9 milhões de euros de saldo existente na massa insolvente.
Por isso, o sindicato requereu ao tribunal que fosse feito o rateio parcial do valor, para que o administrador de insolvência possa pagar parte do dinheiro da massa insolvente aos trabalhadores.
“Estamos esperançados em que pelo menos uma parte muito significativa dos créditos dos trabalhadores venha a ser paga”, lê-se no comunicado.
Os mais de 200 credores da empresa decidiram, em maio de 2013, encerrar em definitivo a fábrica e liquidar os bens, deixando no desemprego uma centena de trabalhadores.
Em causa estava uma dívida de 23 milhões de euros que os levou a pedir a insolvência da empresa dois meses antes.
O principal credor da Fundição é a Caixa Geral de Depósitos, que financiou com 11,5 milhões de euros (ME) a construção da nova fábrica.
Entre as causas da insolvência estiveram a deterioração da rentabilidade económica, o investimento de 16 ME na nova fábrica, a crise de liquidez, o avolumar das dívidas dos clientes e problemas de tesouraria.
Em maio de 2014, os trabalhadores receberam indemnizações por via do Fundo de Garantia Salarial, num total de 800 mil euros.
Segundo os ex-trabalhadores, foram vendidas as instalações da antiga fábrica, que chegaram a ser leiloadas por 1,8 milhões de euros, e o terreno onde estava a ser construída a nova, avaliados em 3,5 milhões de euros.
Pelo menos 2,5 milhões de euros constituem a massa insolvente arrecadada após a venda do património da empresa, mas o dinheiro continua por distribuir pelos credores.
As indemnizações por despedimento, salários e subsídios de férias e de Natal em atraso aos trabalhadores ascendiam a dois milhões de euros.
A Fundição de Dois Portos funcionou durante 65 anos.